A Câmara Municipal recebeu, nessa segunda-feira (8), a secretária de saúde de Ribeirão das Neves, Andreia Augusta Diniz Torres, que compareceu ao legislativo após requerimento do vereador Fabiano Diniz (PSB), para prestar esclarecimentos sobre a situação do sistema de saúde no município aos parlamentares.
Um dos principais assuntos tratados foi a questão do alto número de casos de dengue. De acordo com a secretária, a epidemia já está registrando uma redução no número de casos desde a semana passada e que o surto foi causado pelas condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito transmissor. "Já estamos numa fase de redução nos casos notificados. Não havia nos estudos técnicos a expectativa de um novo surto como está acontecendo este ano. A primeira razão é a questão climática, chuva e sol muito forte alternado, que é um ambiente propício pro mosquito ploriferar. Nós iniciamos um trabalho, principalmente em Justinópolis, onde estão 80% dos nossos casos, de bloqueio leve, onde os agentes de endemia fazem este bloqueio para poder matar os mosquitos nos focos identificados".
Do ponto de vista do combate ao mosquito, segundo Andreia, a prefeitura tem usado "todos os artifícios existentes, tanto coletivos quanto individuais. Em janeiro, nós fizemos o primeiro estudo, com um índice razoável e algumas medidas de bloqueio já foram tomados. Nosso índice está bem abaixo dos municípios vizinhos, então ainda estamos num patamar de controle razoável". No que tange a assistência aos enfermos, "esse tá sendo o ponto mais crítico", revelou.
UPAs
Sobre as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), a secretária desmentiu rumores sobre a de Justinópolis e a do Centro. Segundo ela, a UPA Justinópolis tem um contrato de prestação de serviços com o Hospital da Baleia, que permite uma maior garantia de profissionais por pagar melhores salários que a prefeitura conseguiria diretamente. Porém, Andreia admitiu que os recursos para a manutenção do contrato vem de convênios com a União e com o Estado, e se forem cancelados, inviabiliza o funcionamento da unidade. "Estamos negociando a renovação desse convênio, sem ele o município não consegue pagar a prestação do serviço da UPA Justinópolis. É um serviço continuado, que não dá pra parar. Precisamos, realmente, manter esse contrato", revelou.
Na região central, na UPA Joanico, conforme a gestora, "teve sérios com escala e ainda está tendo. Com a epidemia, o número de profissionais não estão dando conta de fazer plantão extra. O fato é que vários profissionais tem oferta financeira na capital e em outros municípios maior que aqui. Nós queremos a possibilidade de contratar profissionais como autônomo, porque hoje a gente só pode chamar os profissionais por contrato. Esse pedido de mudança de lei é exatamente pra atualizar o valor do plantão, que está super defasado, então estamos encaminhando pra Câmara pra ter um valor atrativo para conseguirmos trazer esses profissionais", explicou.
A UPA Veneza, projeto aprovado em 2010 com recursos federais para sua construção, teve o processo de licitação do projeto inviabilizado algumas vezes por recursos impetrados por empresas participantes da licitação. "Se tudo correr bem, a gente já fecha com uma empresa esse mês pra fazer o projeto. Ele sendo aprovado, a gente abre a licitação para a empresa para fazer a construção. Existe um projeto básico, mas ele é muito inicial, tem que ser um detalhado. Esse ano ainda a gente pretende começar as obras, desde que as licitações caminhem bem", destacou.
Hospital São Judas Tadeu
Em relação ao Hospital, a secretária afirmou que existem projetos para reformá-lo e ampliar a sua complexidade de atendimento. "O hospital já havia, desde 2011, a intenção com o Estado de Minas Gerais de um convênio para uma reforma. Nós precisamos que o hospital aumente sua complexidade de acompanhamento, não temos leito de CTI, não realizamos cirurgias ortopédicas, e a cidade precisa disso. A gente tá caminhando com o processo de melhoria dessa complexidade, temos que melhorar a estrutura física e ter profissionais especializados em determinadas áreas", afirmou.
"Acabamos de fechar um panorama de como a saúde na cidade está, e vamos apresentá-lo, junto com o plano de ação. Nós temos cinco eixos prioritários. Um deles é a capacitação gerencial no município, temos que capacitar nossos gerentes e coordenadores. Outro eixo é focado também nos trabalhadores, capacitar do ponto de vista técnico e de humanização do atendimento. Sentimos muito que vamos ter que fazer um trabalho intenso para ter um atendimento respeitoso. O terceiro eixo é a atenção básica, a ampliação da cobertura ao usuário mais próximo da sua casa, por meio das equipes do programa saúde da família", disse.
Questionamento dos vereadores
Alguns vereadores também argumentaram com a secretária alguns problemas e apontaram possíveis soluções para tal. O vereador Sidmar Caetano (PR) reclamou da questão do atendimento prioritário que os presos recebem em relação à população nevense e solicitou que os profissionais da saúde do município recebam prioridade para a contratação.
De acordo com Andreia, o processo seletivo de médicos não está sendo feito, pois todos que chegam com o currículo a prefeitura está contratando, tamanha a falta desse profissional. Para enfermeiros, ela explicou que houve um processo seletivo no ano passado, e o executivo tem que chamar os classificados desse processo vigente, pois não está sendo feito outro no momento.
Com relação ao atendimento aos presidiários, a prefeitura fez alguns contato com o Estado, pois essa demanda é de competência dele. "Temos uma média de 200 atendimentos entre UPA e Hospital para os presidiário. Isso fica caro, honera e reduz a capacidade de atendimento. Ele acaba tendo atendimento rápido para não haver um ambiente hostil nos hospitais. Eles (governo do estado) têm nos pedido essa compreensão, mas nós temos dialogado com o governo do estado para resolver essa situação", explicou.
Já o vereador Léo de Areias (PDT) questionou a falta de medicamentos disponíveis no município. Conforme Andreia, "na divisão de responsabilidades, os medicamentos de alto custo não estão na nossa alçada. Vários deles já estão na relação de medicamentos especiais do governo do estado. Os pacientes são orientados para já levar todos os documentos no estado para conseguir o medicamento. O município prioriza o atendimento primário e secundário, mas vai investir numa cesta de medicamentos de alto custo de demanda rotineira no município para atender a população", afirmou.
Por fim, o presidente da Casa, vereador Lelo (PSB), cobrou do executivo mais ações e disse que nenhum projeto foi enviado para apreciação dos vereadores desde a posse da prefeita Daniela Corrêa (PT).