Ânimos exaltados e nervos a flor da pele. Assim foi a reunião dessa segunda-feira (14) na Câmara Municipal de Ribeirão das Neves, marcada pela aprovação do projeto de recomposição salarial dos próprios parlamentares e dos servidores do legislativo, pelo uso de palavras de baixo calão por um parlamentar para atingir membros de movimentos sociais e pela ausência do presidente da Câmara, Irineu Resende (PSDB), condenado pela Justiça a mais de 5 anos de prisão pelo crime de peculato.
O projeto da recomposição dos salários em 9,08%, baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado no período de abril de 2015 a fevereiro de 2016, foi aprovado pela maioria dos parlamentares, tendo apenas dois votos contrários: Fabiano Diniz (SD) e Rômulo Fernandes (PMN). Vale destacar que os vereadores terão que votar, ainda este ano, os salários da próxima legislatura. Ou seja, ainda em 2016, vai haver outro reajuste no contra-cheque dos parlamentares nevenses.
Uma das justificativas para o reajuste é que este estaria dentro do limite orçamentário da Casa, dentro do valor que é repassado pelo executivo, que comporte tal medida. O projeto, no entanto, recebeu críticas por ir na contramão da situação financeira do município, já que o funcionalismo público vinculado ao executivo sofre com o escalonamento dos seus vencimentos.
Projeto do Aterro Sanitário
O que causou maior alvoroço, no entanto, foi a repercusão do veto da prefeita Daniela Corrêa (PT) ao projeto aprovado pela Câmara, na semana passada, que abre as portas da cidade para o lixo da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Alguns parlamentares criticaram a postura de algumas lideranças, especialmente das redes sociais, e da imprensa local.
O ex-presidente da Casa, Juarez Carvalho (PSB) chamou a atenção dos colegas sobre a necessidade de resolver o problema do lixão de Justinópolis e não poupou críticas à prefeita. "Eu estou muito tranquilo sobre o projeto de minha autoria. A prefeita passou um belo batom e foi dizer que a Câmara está trazendo um lixão para Ribeirão das Neves. O que eu quero é tirar aquela carniça de Justinópolis", afirmou.
Vitório Junior (PDT) cobrou que o governo discuta a questão do lixo e também condenou as manifestações dos movimentos sociais. "Colocaram carro de som passando na porta da gente para nos difamar, querendo jogar a população contra as pessoas (vereadores). Quando você vê as filiações partidárias desses sujeitos que você vê o que está por trás disso", afirmou.
Já o vereador Léo de Areias (PDT), ao reafirmar sua posição favorável ao projeto do aterro sanitário, acabou se exaltando e disparou palavras de baixo calão a bel prazer ao citar o grupo Acorda Neves. "Sobre o lixão, eu votei (a favor) na primeira, votei na segunda, votei na terceira e vou votar na quarta (socando a tribuna). E f%#@$ pra vocês (Acorda Neves). Vocês são covardes em querer jogar a população contra a Câmara. Vocês são um câncer, vocês são uns bundão (sic)", disse (veja o vídeo abaixo). Após seu discurso, o vereador discutiu com o líder do movimento, Gabriel Wirz, que fez Boletim de Ocorrência junto à PM acusando o pedetista de ameaças e prometeu tomar as medidas legais cabíveis contra o parlamentar.