Com os nervos estavam à flor da pele, a Câmara Municipal de Ribeirão das Neves aprovou, em reunião extraordinária nessa quarta-feira (14), a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades na destinação de recursos da saúde no município.
A CPI surge depois que uma comissão especial, presidida pelo vereador Vitório Junior (PDT), levantou alguns documentos junto ao executivo sobre pagamentos de contratos e fornecedores. Segundo o vereador, há fortes suspeitas recaindo sobre aditivos de prazos em contratos, pagamentos feitos ao banco BMG com dinheiro vinculado à Saúde e ausência de publicidade de vários atos.
O líder do PT na Câmara, Bruno Reges, tentou uma manobra para invalidar a reunião e questionou a validade legal da mesma, alegando possível inconformidade na convocação extraordinária perante o regimento interno. Os vereadores de oposição, no entanto, solicitaram o parecer do departamento jurídico da Casa, que entendeu não haver qualquer irregularidade, o que permitiu o prosseguimento dos trabalhos. Na última sexta-feira (9), vários parlamentares já haviam esvaziado a reunião para impedir a formação de quórum para que a reunião fosse aberta.
Com o início dos trabalhos, o vereador Vitório Junior apresentou requerimento para instalação da CPI contendo a assinatura dos vereadores Fabiano Diniz (SD), Juarez Carvalho (PSB), Léo de Areais (PDT), Nilton Brauninha (PSDB), Dr. Rômulo Fernandes (PMN) e Vanderlei Delei (PROS).
Os vereadores que não assinaram o requerimento foram Bruno Reges (PT), Lelo (PSB), Irineu Resende (PSDB), Lourival (PDT), Valter Bento (PCdoB), Waltinho (PMDB) e Sidmar Caetano (PR), esse último estando ausente da reunião.
Os principais vereadores de oposição ao governo da prefeita Daniela Corrêa (PT) fizeram discursos afinados. Vitório, Fabiano e Delei solicitaram que colegas que não assinaram a CPI não se manifestem para fazer parte da comissão e comemoraram o que classificaram como "ato histórico" um investigação contra uma prefeita que "prometeu mundos e fundos" para os parlamentares e para a população da cidade.
A última CPI instalada na Câmara foi há 20 anos, no processo que cassou o mandato do ex-prefeito Washington Modesto e levou Eduardo Brandão a assumir o posto. O legislativo não soube precisar as datas do fato, que ocorreu entre o fim de 1994 e o início de 1995.
Agora, os líderes tem 48 horas para indicar ao presidente da Casa, vereador Juarez Carvalho, os indicados para compor a comissão. A expectativa de alguns vereadores é que os trabalhos durem pelo menos 90 dias.
A reportagem procurou a Prefeitura Municipal para comentar a abertura da investigação, mas até o momento não obteve resposta.