A sessão da Câmara Municipal desta sexta-feira (9), que serviria para leitura do requerimento para formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a gestão da prefeita Daniela Corrêa (PT), acabou não acontecendo por falta de quórum. Para que a reunião fosse aberta, seria necessário a presença de pelo menos metade mais um dos vereadores, porém apenas sete se fizeram presente.
Apesar da impossibilidade na formação do quórum, o requerimento da CPI já tem assinaturas suficientes para dar entrada na Casa. O presidente Juarez Carvalho (PSB) já fez convocação para uma reunião extraordinária na proxima quarta-feira (14), às 18h30, para uma nova tentativa de emplacar a comissão.
A mesa diretora chegou a fazer a abertura de primeira e segunda chamada, mas não foi o suficiente para composição do número mínimo de parlamentares para abrir a reunião. Estiveram presentes, além do presidente Carvalho, os vereadores Fabiano Diniz (PSB), Léo de Areias (PDT), Nilton Brauninha (PSDB), Dr. Rômulo Fernandes (PMN), vanderlei Delei (PROS) e Vitório Junior (PDT).
Os vereadores que faltaram à sessão foram Bruno Reges (PT), Lelo (PSB), Irineu Resende (PSDB), Lourival (PDT), Sidmar Caetano (PR), Valter Bento (PCdoB) e Waltinho (PMDB).
Verbo solto
O presidente afirmou que, a partir do início das adesões à CPI, a Prefeitura tentou enfraquecê-la. "Na segunda-feira passada representantes do executivo vieram à Casa Legislativa pressionar os parlamentares para não assinar o requerimento", acusou Carvalho.
Vanderlei Delei classificou como um boicote dos colegas contra a CPI e cobrou esclarecimentos da prefeita. "Está provada a articulação pesada que o poder executivo deve estar fazendo para que não tenhamos quórum para buscar a verdade. Quem não teme, não tem porque esconder", afirmou. O vereador também levantou suspeitas sobre desvios de recursos da saúde para pagar dívidas da gestão anterior com o Banco BMG, que fez doações para a então candidata Daniela Corrêa na campanha de 2012.
Fabiano Diniz revelou que existem fortes indícios para a abertura do inquérito. "As UBRs estão todas paradas. A nossa fundamentação é da saúde, das contruções que estão paradas. Nós temos que investigar, saber porque, e uma vez comprovada, abrir a comissão processante", disse Fabiano.
Já Vitório Junior afirmou que o governo não respeita ninguém e acusou um funcionário da prefeitura de usar palavras de baixo calão contra os vereadores nas redes sociais. "Esse governo não respeita a população, como não respeita a Câmara. Não tem a menor condição de um governo desse dar certo", esbravejou Vitório.
Brauninha pediu para a população presente marcar os vereadores ausentes. "Vocês estão vendo sete vereadores que querem investigar e fiscalizar, e os outros vereadores não vieram", ironizou Brauninha.
Comissão especial
Apesar de a reunião não ter sido formalizada, o vereador Vitório Junior fez alguns comentários sobre os trabalhos da comissão especial. Segundo ele, foram encontradas irregularidades na publicação de atos referentes à construção de Unidades Básicas de Saúde (UBS). "Vamos passar Ribeirão das Neves a limpo. Esse governo não tem o menor compromisso com a cidade", sentenciou.
Vereadores fujões
Alguns vereadores que não estavam presentes na sessão foram vistos em seus gabinetes no andar térreo da Câmara. Najala Maria, representante do Acorda Neves, chegou a ir atrás de um deles, mas não obteve sucesso em falar com nenhum deles. "Me arrependo de não ter descido antes. Me senti uma palhaça por vir aqui, troquei o horário do trabalho para vim. A gente sente decepção e desânimo com essa Câmara. A vontade era de ter questionado (os ausentes) para dar uma posição pra gente", questionou.
CPI
A última CPI instalada na Câmara foi há 20 anos, no processo que cassou o mandato do ex-prefeito Washington Modesto e levou Eduardo Brandão a assumir o posto. O legislativo não soube precisar as datas do fato, que ocorreu entre o fim de 1994 e o início de 1995.