O candidato a deputado estadual Walace Ventura (PR) tem 49 anos, foi professor de educação física, vereador por 8 anos, eleito prefeito de Ribeirão das Neves em 2004 com quase 50% dos votos e reeleito em 2008 com cerca de 80% da preferência dos nevenses. O candidato falou sobre seus projetos para a cidade caso seja eleito deputado, citou várias realizações como chefe do executivo nevense, avaliou a queda de desempenho do seu segundo mandato frente à Prefeitura e comentou sobre a dívida milionária nos cofres do município. A entrevista foi gravada no dia 20 de agosto de 2014.
Walace definiu as funções de um deputado estadual como o a intermediação de recursos através do governo do Estado, sejam individuais ou em conjunto com outros parlamentares, a fiscalização da aplicação dos recursos pelo governo de Minas, e a proposição de leis para melhorar a vida dos cidadãos. "Se não houver ninguém que brigue pelos interesses da cidade, os investimentos irão para outros municípios".
Dentre as principais ideias e propostas para a cidade, Walace destacou a necessidade de se fazer uma projeto de lei de uma espécie de royalties para as cidades que abrigam a população carcerária do Estado a título de contrapartida. O ex-prefeito citou também a expansão do distrito industrial, convênios para capacitação de jovens e a implantação de um campus universitário estadual no município.
O candidato afirmou que é natural a construção de alianças para trazer verbas para o município, mas que está adotando cautela para compor com um candidato a deputado federal para fazer a melhor definição. Para o governo de Minas, Walace está seguindo a aliança partidária com o Pimenta da Veiga, e avalia que, para Ribeirão das Neves, o melhor caminho é o de Aécio Neves para presidente.
Sobre a atual gestão da prefeita Daniela Corrêa (PT), Walace avaliou que houve uma expectativa muito grande no processo eleitoral e, com as dificuldades de limitação de recursos, a administração está tendo muitos percalços, frustrando as lideranças e a população, que esperava mais.
Em relação ao financiamento da sua campanha, o candidato disse que, como não existe financiamento pública, está sendo ajudado por alguns amigos e alguns segmentos que acreditam no seu projeto.
Temas importantes
Sobre a possível vinda do aterro sanitário metropolitano para Ribeirão das Neves, Walace declarou que tem de haver uma discussão mais ponderada devido os impactos gerados no município. Em relação à duplicação da LMG-806, segundo o ex-prefeito, por duas vezes houve falta de orçamento, desapropriação de terrenos, realocação dos postes e realinhamento de preços, mas que agora a obra vai ser finalizada. Sobre a transformação da penitenciaria José Maria Alkimin em uma unidade da UEMG, Walace vê com bons olhos e acha que é possível de ser feito. Em relação à possibilidade de Justinópolis se emancipar, ele considera que existem pós e contras, precisando amadurecer a ideia e fazer uma avaliação cautelosa, naturalmente dando a chance para ouvir os cidadãos locais.
Na área da Educação, Walace afirmou que é preciso ampliar o número de escolas e creches, lutar por uma universidade estadual e ampliação de cursos de capacitação, aliando também à questão do esporte, que é importante na qualidade de vida da população. Na Saúde, o candidato considerou um "crime" a cidade não ter um centro de hemodiálise, já que cerca de 400 nevenses dependem do serviço e têm que deslocar para Belo Horizonte constantemente. Ele avaliou que precisa haver uma ampliação no número de leitos na rede pública através de um novo hospital regional na cidade, e, sobretudo, a urgência e emergência na região do Veneza.
Sobre a questão do transporte, o candidato disse que é necessário apostar em rotas alternativas, melhorar os acessos e investir na sinalização. O metrô, segundo ele, é tecnicamente inviável, sendo os Veículos Leves sobre Trem (VLT) a melhor solução. No que se refere ao desenvolvimento econômico, ele afirmou que o deputado tem que ser o agente que lembra aos governantes que tem que priorizar Ribeirão das Neves, e quem tem legitimidade para isso é o deputado majoritário na cidade.
Questionamento dos internautas
O candidato respondeu ao questionamento de vários internautas que afirmaram que seu primeiro mandato como prefeito foi ótimo ou bom, mas que no segundo não houve um bom desempenho, aumentando o índice de rejeição do político. Segundo Walace, que foi reeleito com 80% dos votos, sua gestão não pode ser avaliada apenas pelos dois últimos anos, quando houve, segundo ele, uma queda de recursos intensa, reflexo de medidas de combate à crise econômica tomadas pelo governo federal que diminuiu as verbas repassadas aos municípios. "Eu tenho consciência que Ribeirão das Neves é uma cidade que vive de boatos, onde fala-se muitas coisas, mas nosso serviço está na rua, contra fatos não há argumentos. Tanto que a atual administração está tendo muitas dificuldades, porque falar é muito fácil".
Questionado para definir as marcas da sua gestão, Walace elencou a realização do concurso público para provimento de cargos efetivos e o investimento em pavimentação de 350 dos 600 quilômetros de ruas e avenidas de Ribeirão das Neves como suas principais realizações.
Sobre a dívida deixada por sua gestão, o ex-prefeito ironizou o valor, que "começou em 20 (milhões de reais), passou para 30, para 50, para 100, e continuou multiplicando". Walace disse que quando assumiu encontrou dívidas das gestões anteriores, e devido à situação econômica do município e à queda de receitas, as próximas gestões também as deixarão. Ele também salientou que teve que fazer cortes, mas nunca deixou de honrar o salário dos servidores. Em relação às dividas com o INSS, ele declarou que teve oportunidade de renegociar os débitos, da sua gestão e das anteriores, não existindo apropriação indébita desses recursos públicos, pois senão ele não teria as certidões e estaria inelegível.
Considerações finais
"Queria muito agradecer essa oportunidade. Depois que a gente teve a oportunidade de terminar o governo, eu confesso que fui vítima de muitos ataques, em função dos adversários políticos, e isso faz parte da política. Agora, a linha de trabalho que eu sempre adotei, eu nunca fiz campanha falando mal de A ou de B. Vou citar um exemplo aqui que eu acho até importante. Falaram em 2005 que eu comprei um pedaço de broa de fubá por quarenta e tantos reais, e isso não gerou nenhuma ação, a grande imprensa anunciou, mas não aconteceu. Falaram em 2009 que eu comprei uma impressora superfaturada por 19 ou 20 mil reais. Isso não tem nenhuma comprovação porque é uma mentira, é uma inverdade. São factoides que as pessoas lançam. O que ocorreu na época foi uma forma de alimentar o sistema, a empresa responsável mudou a numeração (os valores). São coisas que as vezes as pessoas acham que isso aqui é uma verdade absoluta. Tanto que não gerou ação nenhuma, todo mundo teve a oportunidade de investigar. Assim como tem esse monte de factoides. As pessoas criam uma imagem. E é contra esse tipo de coisa que eu me comprometo a estar continuando as ações. Eu estou muito seguro do que estou fazendo e eu acho que essa campanha como deputado me dá a oportunidade, inclusive, diante da população, esclarecer temas como esses. Eu acho que a sua entrevista vem em um momento ímpar, eu não tive a oportunidade de estar anteriormente falando, me defendendo, nem me contrapondo a ninguém. Aliás, eu sofri um volume de acusações desde o episódio da disputa eleitoral para a Prefeitura aonde eu nem fui candidato. O PSB ficou livre para escolher quem quis, a população escolheu a prefeita Daniela, e logicamente, a vida continua. Esse período em que eu me dispus a disputar a eleição em função até do clamor popular. Algumas pessoas me ligam e dizem ‘Walace, você já contribuiu, já fez pela cidade, você sabe onde estão os recursos, e você pode ir buscar’. Então ao eleitor eu peço o voto e digo que é com muita responsabilidade que eu vou para as urnas, embora tenha alguns que gostem e outros que não gostem, isso é muito natural, é igual time de futebol, uns torcem para o Cruzeiro, outros para o Atlético, outros para o América, outros para o Vila Nova, outros que não gostam de futebol. As pessoas se organizam em função daquilo que elas acreditam. Eu acredito no município, sei do potencial, nós estamos fazendo uma entrevista na minha casa, no meu patrimônio, a minha empresa imobiliária está em Justinópolis, então eu tenho muito mais legitimidade do que às vezes as pessoas fazem algumas colocações. É contra essa forma egoísta, mesquinha, despreparada, muitas vezes dessa fonte de boatarias, que eu tenho oportunidade de dar essa entrevista, achei as perguntas do melhor nível, da melhor qualidade, e peço o voto a todos os que participarem desse processo como nós tivemos oportunidade de participar".