Ribeirão das Neves agora tem um número oficial que materializa a desigualdade social na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH): a cidade registra uma renda mensal domiciliar per capita de R$ 1.127 por pessoa. O dado, extraído do Censo Demográfico 2022 do IBGE, coloca o município em uma posição de forte contraste com seus vizinhos metropolitanos, consolidando-o como uma cidade de baixa renda.
A diferença do rendimento por pessoa entre Ribeirão das Neves e os municípios líderes do ranking estadual é um dos mais fortes indicadores de polarização econômica em Minas Gerais.
A cidade de Nova Lima, por exemplo, tem um rendimento mensal domiciliar per capita (Censo 2022 - IBGE) de R$ 4.299,91 (Renda 3,8 vezes maior); enquanto Belo Horizonte tem o rendimento de R$ 2.748,85.
Enquanto Nova Lima lidera o país com a maior renda per capita, impulsionada por setores de alto valor agregado e concentração de condomínios de luxo, o morador de Ribeirão das Neves vive com R$ 3.172,91 a menos por mês em sua renda domiciliar.
O valor de R$ 1.127,00 também se encontra bem abaixo da média do estado de Minas Gerais (R$ 1.611,89) e da média nacional (R$ 1.638,06), evidenciando as dificuldades econômicas estruturais da população nevense.
A realidade da baixa renda em Ribeirão das Neves é indissociável dos problemas de mobilidade urbana. O município já havia sido apontado como a cidade da RMBH com a maior proporção de trabalhadores que gastam mais de duas horas no deslocamento diário.
Custos Ocultos: A baixa renda força muitos moradores a buscar empregos em outras cidades (como Belo Horizonte e Contagem), o que, por sua vez, resulta em altos custos de tempo e transporte.
Tempo Perdido: Com cerca de 31% dos trabalhadores gastando de uma a duas horas no trajeto para o trabalho, o baixo rendimento se torna ainda mais oneroso, pois o tempo que poderia ser dedicado à qualificação, família ou descanso é consumido no deslocamento.
A combinação de uma renda per capita extremamente baixa com a dificuldade de acesso ao trabalho e serviços resume a dinâmica da desigualdade metropolitana: os moradores de Ribeirão das Neves arcam com os maiores custos de tempo e dinheiro para sustentar a força de trabalho da Grande BH, enquanto o dinheiro gerado se concentra nos núcleos de serviços e moradia de alto padrão, como Belo Horizonte e Nova Lima.
O cenário atual desafia o poder público a investir na atração de empregos de qualidade para Ribeirão das Neves, reduzindo a necessidade de deslocamento e elevando o padrão de vida da população.