Estamos novamente em ano de eleições municipais, quando os sorrisos e os braços dos políticos voltam a estar abertos para a população. A cada pleito eleitoral, mais convencido fico de quanto manipuláveis somos nós eleitores.
Para explicitar esta verdade, faço-me valer dos estudos reveladores do Dr. Robert Proctor, historiador da ciência da Universidade de Stanford. Essa busca levou Proctor a criar uma palavra para o estudo da propagação deliberada da ignorância: agnotologia.
“Agnotologia vem de “agnosis”, a palavra grega neoclássica para ignorância ou “não saber”, e “ontologia”, o ramo da metafísica que trata da natureza do ser”. “Agnotologia, etimologicamente, é a junção de duas palavras gregas: agnosis, que significa “ignorância”, e logia, que significa “estudo”. O termo foi cunhado em 1995 por Robert Proctor, professor da Universidade de Stanford. O intuito era definir o estudo da produção política e cultural da ignorância”.
Com a ascensão da internet e o uso cada vez mais intenso das redes sociais como fontes – nem sempre seguras – de informação, a agnotologia é mais atual do que nunca. De posse desta poderosa ferramenta vimos crescer assustadoramente a propagação intencional da ignorância para fins políticos e comerciais.
A disseminação de desinformação deliberada, manipulação da opinião pública, ocultação de informações relevantes, criação da ambiguidade.
De modo que a política molda o que sabemos e o que não sabemos sobre os bastidores. Na verdade, é através das mídias que são feitas as manobras políticas e culturais praticadas por pessoas e grupos poderosos, que se beneficiam da ignorância social por meio da manipulação de informações.
Esta ignorância se espalha quando muitas pessoas não entendem um conceito ou quando grupos, ou políticos, se esforçam para criar confusão sobre temas específicos. No caso da política, por exemplo, uma sociedade cientificamente ignorante poderá ser mais vulnerável às táticas usadas pela indústria da desinformação para fins eleitoreiros.
É certo que esses grupos poderosos utilizam a ignorância como ferramenta. Principalmente para esconder ou desviar a atenção de problemas sociais nos quais têm interesse, confundindo a opinião pública.
De modo que a desinformação não é uma consequência das redes sociais e, definitivamente, não é um fenômeno que surgiu com elas. Mas é inegável que as mídias digitais aceleraram o processo de disseminação de notícias falsas e boatos.
As redes sociais, por sua vez, não só publicam conteúdos falsos como também permitem seu compartilhamento. Assim, mentiras, boatos são replicados à exaustão, atingindo milhares de pessoas diariamente.
São significativos os efeitos da propagação de notícias manipuladas pelos representantes políticos. E nos municípios, este comportamento vem acontecendo na mesma proporção.
Os grupos que controlam a disseminação de notícias falsas não só promovem a ignorância, mas também colocam a verdade como um ponto de discussão – a famosa “questão de opinião”.
Para parcela do público, não são os fatos científicos que importam, mas a percepção que se tem deles. Nessa era, o que conta é aquilo em que o indivíduo acredita, ainda que suas crenças esbarrem no que diz a ciência. Afinal, ele pode escolher os conteúdos que consome – e certamente um deles vai corresponder à sua “verdade”.
Vê-se uma forte tendência em tirar conclusões precipitadas. Pessoas tiram conclusões e mesmo sem avaliar as informações, fazem com que elas sejam espalhadas. Ou seja, uma pessoa pode passar a desconsiderar alguma evidência, por já ter visto alguém fazer isso.
Portanto, é preciso promover reflexões sobre o papel social da informação. Mas principalmente, com as consequências da propagação de conteúdos falsos ou manipulados, tão corriqueiramente utilizados pelos políticos, para se manterem em evidência.
Nesta eleição, procuremos antes, tomar conhecimento das notícias, verificar se elas são verdadeiras ou “maquiadas” não nos deixar levar somente pelo que ouvirmos, pois a palavra é a ferramenta mais forte do político, verificando as propostas que vão de encontro com os interesses da coletividade, - e não só de grupos -, votar no que for importante e não no que for famoso. A fama é efêmera, a importância é eterna.
Mas pode ficar feliz, pois este ano você receberá muitos sorrisos e abraços.
Ano que vem já não sei...