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JUSTIÇA RESTAURATIVA

  • Complexo prisional de Ribeirão das Neves inicia círculos restaurativos


    Projeto-piloto de núcleo de Justiça Restaurativa começou no dia 19/9

    Desde o dia 19/9, as sextas-feiras se tornaram diferentes nos Presídios Inspetor José Martinho Drumond e Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves (MG). A data marcou o início do projeto-piloto de implementação de núcleo de Justiça Restaurativa (JR) nas unidades prisionais da Comarca, idealizado pelas juízas Bárbara Isadora Santos Sebe Nardy e Fernanda Chaves Carreira Machado, com o apoio da 3ª Vice-Presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e do Comitê de Justiça Restaurativa (Comjur) do TJMG.

    O círculo envolveu a juíza Fernanda Chaves Carreira Machado, que é diretora do Foro da Comarca de Ribeirão das Neves e titular da 1ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri, membros do Conselho da Comunidade e facilitadores da JR.

    Segundo a juíza Fernanda Machado, as motivações para o projeto foram múltiplas: além do desejo de ressocialização e de cumprir as normativas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre elas, o Plano Pena Justa, houve a percepção das magistradas, calcada na experiência diária com uma das maiores populações carcerárias do Estado, de que o encarceramento não é a única resposta para o crescimento e a expansão da criminalidade.

    “Muitas vezes, o ingresso no Sistema Prisional possibilita o contato do indivíduo com organizações criminosas que aprofundam o envolvimento com o crime, em lugar de permitir a ressocialização. Não adianta apenas prender, é preciso pensar em alternativas que ajudem as pessoas a mudar de conduta. A Justiça Restaurativa busca a autorresponsabilidade, tendo em vista o direito da pessoa de uma restauração de vida”, argumentou a magistrada.

    Incentivo à mudança de vida

    Para a juíza Fernanda Machado, é fundamental destacar que o objetivo do projeto-piloto “não é, de forma alguma, a impunidade”.

    “Pelo contrário, a Justiça Restaurativa busca uma responsabilização mais efetiva e profunda do que a obtida pela simples prisão. Ao confrontar o ofensor diretamente com as consequências de seus atos e ao envolvê-lo ativamente na reparação do dano, a punição se torna mais significativa e educativa. A finalidade principal é quebrar o ciclo da violência e garantir que essa responsabilização seja eficiente para evitar a reincidência, promovendo uma mudança real de comportamento e a restauração das relações sociais.”

    Segundo ela, foi feita uma triagem do público-alvo para identificar os perfis mais indicados. Participaram indivíduos privados de liberdade cumprindo pena nos regimes fechado e semiaberto.

    “Para garantir a eficácia do projeto, os participantes são cuidadosamente selecionados com base em critérios específicos. O foco são os detentos dos regimes fechado e semiaberto que demonstram bom comportamento, e não estão envolvidos em organizações criminosas. Além disso, damos prioridade àqueles que estão próximos de alcançar algum benefício legal, como a progressão para o regime aberto, uma saída temporária ou o livramento condicional. Essa escolha estratégica visa prepará-los para o retorno à sociedade, utilizando a metodologia como uma ferramenta fundamental para uma reintegração mais consciente e bem-sucedida.”

    A magistrada detalhou o funcionamento do método utilizado no projeto, que se centra na construção e reconstrução de vínculos para conscientização do indivíduo e coibição da reincidência.

    “O método da Justiça Restaurativa se baseia fundamentalmente na reconstrução de laços e na humanização do processo. Por meio de círculos de diálogo e encontros mediados, promovemos a construção de vínculos saudáveis entre o detento, sua família, a comunidade e, sempre que possível e desejável, as próprias vítimas.”

    nício promissor

    O objetivo desses encontros, ainda segundo a juíza Fernanda Machado, é criar um espaço seguro para que o ofensor compreenda o impacto real de suas ações, ouça as pessoas que foram afetadas e assuma uma responsabilidade ativa na reparação dos danos.

    “Ao fortalecer essa rede de apoio e conscientização, buscamos mitigar os fatores que levam à reincidência. Para validar a eficácia dessa abordagem, realizaremos um rigoroso acompanhamento estatístico, medindo e comparando os índices de reincidência dos participantes do programa com os da população carcerária geral.”

    Ela avaliou como bem-sucedido o encontro inaugural: “O Círculo [de Construção de Paz] deveria começar às 8h e encerrar às 12h, mas ficamos até 14h40. Precisamos interromper as atividades, porque o grupo ficou sem almoçar e, se dependesse deles, continuaria. Foi muito gratificante, ficamos muito felizes.”

    Cerca de 30 facilitadores da Comarca já se dispuseram a trabalhar no projeto, em caráter voluntário, em sessões semanais que estão agendadas até março de 2026. A ideia é propiciar Círculos de Construção da Paz conduzidos por duplas, nas quais uma pessoa mais experiente possa auxiliar o facilitador com menos experiência, a fim de nivelar as competências da equipe.

    Justiça Restaurativa

    A Justiça Restaurativa (JR) é um conjunto estruturado de princípios, métodos, técnicas e atividades, com foco na conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência e de suas consequências, bem como na responsabilização dos autores de agressões e na importância da reparação do dano, da recomposição do tecido social rompido pelo fato danoso e da elaboração de planejamentos futuros a partir do aprendizado coletivo.

    A proposta é conduzida por facilitadores restaurativos capacitados, com a participação do ofensor e, se possível, da vítima e de outras pessoas impactadas pelo fato danoso ou de representantes da comunidade atingida pelo ocorrido.

    A 3ª Vice-Presidência do TJMG é responsável pela coordenação e pelo acompanhamento dos todos os projetos de JR desenvolvidos no Estado, em conformidade com a política pública nacional instituída pela Resolução nº 225/2016, do CNJ.

    As informações são do TJMG

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  • Ribeirão das Neves articula justiça restaurativa nos presídios


    Representantes de instituições locais se reuniram para debater projeto-piloto

    A Comarca de Ribeirão das Neves, na Grande BH, recebeu, no dia 4/7, representantes de diversas instituições para discutir a implementação de projeto de justiça restaurativa (JR) nas penitenciárias Inspetor José Martinho Drumond e Antônio Dutra Ladeira. A reunião foi conduzida pela juíza diretora do Foro, Fernanda Chaves Carreira Machado, idealizadora da proposta, desenvolvida com o apoio da equipe técnica da 3ª Vice-Presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), e pela coordenadora-geral do Comitê de Justiça Restaurativa (Comjur) do TJMG, desembargadora Mariangela Meyer Pires Faleiro.

    Na reunião, foram dados os primeiros passos para um projeto-piloto de aplicação de círculos de construção de paz nas unidades prisionais, com foco inicial na melhoria do clima institucional e, seguidamente, na abordagem de conflitos entre pessoas privadas de liberdade, agentes penitenciários e demais envolvidos no sistema prisional. A iniciativa partiu da juíza Fernanda Machado e da juíza da Vara de Execuções Penais da Comarca de Ribeirão das Neves, Bárbara Isadora Santos Sebe Nardy.

    Durante o encontro, a desembargadora Mariangela Meyer destacou a importância do diálogo entre diferentes órgãos para a construção de redes interinstitucionais, afirmando que o encontro representou um marco para Ribeirão das Neves, que abriga a maior população carcerária do estado. "A articulação entre instituições é essencial para a consolidação de políticas públicas que enfrentam com sensibilidade e responsabilidade a complexidade do cárcere", frisou.

    Na oportunidade, o coordenador do Serviço de Apoio (Seanup) ao Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), Samuel Duarte dos Santos, apresentou os fundamentos da JR e as possibilidades de sua aplicação no sistema prisional, com ênfase na humanização das relações e na promoção de um ambiente mais colaborativo e pacífico.

    Experiências exitosas também foram compartilhadas. A juíza Aline Damasceno Pereira de Sena apresentou os resultados de sua pesquisa de mestrado realizada na Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira (Enfam) sobre justiça restaurativa em casos de violência doméstica.

    O juiz José Afonso Neto compartilhou práticas restaurativas implementadas na Comarca de Ponte Nova; enquanto o juiz do Tribunal do Júri - 2° Sumariante da Comarca de Belo Horizonte, Roberto Oliveira Araújo Silva, relatou sua experiência com círculos restaurativos no âmbito do Tribunal do Júri.

    A partir dessas vivências, os participantes identificaram a viabilidade de iniciar o projeto-piloto com círculos voltados a temas reflexivos, ainda que não diretamente relacionados a conflitos, como forma de sensibilizar e envolver as pessoas privadas de liberdade na construção de um ambiente mais harmônico e participativo. Os representantes locais aderiram ao projeto-piloto, que, agora, deve seguir para conhecimento e anuência dos gestores das instituições.

    Presenças

    Estiveram presentes, ainda, os juízes Vinicius Kenji Hirosse e André Augusto Borges Bellucci; o promotor de Justiça Thomas Henriques Zanella Fortes; o defensor público Breno Tadeu de Melo Silveira; a superintendente de Humanização do Atendimento do Departamento Penitenciário Nacional de Minas Gerais (Depen-MG), Ana Paula de Almeida Vieira Dolabella; o diretor regional da 2ª Região Integrada de Segurança Pública, Renato Rabelo; o diretor-geral do Presídio Inspetor José Martinho Drumond, Daniel Costa Souza; o diretor-geral do Presídio Antônio Dutra Ladeira, Domingos Aires Silva; a presidente da 137ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB/MG), Valdilene de Jesus da Silva; o vice-presidente da 137ª Subseção da OAB/MG, Habib Ribeiro David; e a presidente do Conselho da Comunidade, Miriam Estefânia, acompanhada por sua equipe técnica: Meyri Hellen, Marcella Vilas Boas e Andreia Araújo Nascimento.

    Também participaram: Bruna Estefânia Carvalho da Costa, assessora da Superintendência de Segurança Prisional/Depen-MG; Guilherme Pereira Leal, assessor da Superintendência de Humanização do Atendimento; Fábio Henrique Leite Alexandre, assessor da 2ª Região Integrada de Segurança Pública; Leonardo Isaque dos Santos Souza, diretor de Segurança do Presídio Inspetor José Martinho Drumond; Luis Carlos Veloso Souza, diretor adjunto do Presídio Antônio Dutra Ladeira; Herbert Felipe Sampaio Silva, diretor de Atendimento do Presídio Antônio Dutra Ladeira; Alan de Paula Lamoia, diretor de Segurança do Presídio Antônio Dutra Ladeira; a instrutora de justiça restaurativa Jéssica Gonçalves; o advogado Alisson Lopes Caetano; e o vereador Rodinei Gonçalves Duarte.

    As informações são do TJ/MG

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  • Ribeirão das Neves conclui capacitação inédita em Justiça Restaurativa


    Cerimônia no Fórum de Ribeirão das Neves reuniu autoridades do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário

    A primeira turma de Facilitadores em Justiça Restaurativa de Ribeirão das Neves, foi concluída na semana passada, com a entrega de certificados de participação.

    A capacitação faz parte de um projeto pioneiro na cidade e marca a primeira fase da implementação da justiça restaurativa no município. Principal polo prisional de Minas Gerais, a região concentra mais de 10% dos presos do estado.

    Com a presença de autoridades do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, a cerimônia aconteceu no Fórum de Ribeirão das Neves e marcou a conclusão da formação que busca implementar a cultura do diálogo, da paz e da resolução consensual de conflitos na região.

    “Este é um marco histórico para o município e fruto da articulação de autoridades, sociedade civil, conselho municipal e parceiros institucionais que possuem muita vontade de gerar uma transformação social para Ribeirão das Neves”, celebra Camila Linhares, CEO da Unniversa Soluções de Conflitos, instituição responsável pela condução da formação.

    Segundo Jéssica Gonçalves, advogada, sócia da Unniversa Soluções de Conflitos e responsável pela coordenação da formação, a capacitação em justiça restaurativa visa fortalecer uma rede colaborativa voltada para a pacificação de relações e o acesso à justiça, sendo esse o primeiro passo para que as práticas restaurativas possam chegar aos presídios.

    “Estamos finalizando a primeira etapa do projeto no município e, diante do contexto regional, a iniciativa não poderia ser mais atual. A justiça restaurativa é o caminho para que os envolvidos em conflitos encontrem soluções por meio do diálogo e da reparação, promovendo a reconstrução de vínculos e a redução da violência. Nosso objetivo é que essas práticas se tornem uma ferramenta constante de mediação e transformação social dentro e fora do sistema prisional, impactando na diminuição da criminalidade e da reincidência. Isso também se estende à comunidade, com segurança e paz”, finaliza.

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