Temos uma expressão corporal singular desde o ventre materno. O feto usa gestos do próprio corpo para se comunicar. Podemos concluir, portanto, que o corpo fala, sente, por meio das expressões corporais.

Na idade escolar infantil, é bastante trabalhada a corporeidade e a ludicidade. No ensino fundamental, a escola deixa a desejar como espaço de aprendizagem democrática comprometedora com a construção de novas alternativas de desenvolvimento da corporeidade e ludicidade. No ensino médio e no superior, nem se fala na possibilidade de trabalho didático com o corpo e com a ludicidade. Observa-se, portanto, que essa prática é pouco difundida tanto nas escolas públicas quanto nas particulares. Para que isso ocorra, a instituição escolar precisa ser um espaço privilegiado da prática da participação, do respeito à pluralidade, sensível à criatividade dos sujeitos do processo educacional. Esses aspectos seriam de grande valia para um método inovador, construtivo e prazeroso na matemática, no português e em todas as áreas do conhecimento.

O processo de construção de uma nova sociedade deve colocar à disposição dos alunos diferentes quadros de referência para a leitura do mundo, permitindo que se dê o processo dialético de construção-reconstrução do conhecimento.

Na ludicidade, aprendemos a conviver, a ganhar e perder, a esperar a vez, a lidar com as frustrações, a conhecer e a explorar o mundo. As atividades lúdicas têm papel fundamental na estruturação do psiquismo do ser humano. É no ato de brincar que utilizamos elementos da fantasia e da realidade. É por meio da ludicidade que desenvolvemos não somente a imaginação, mas também fundamentamos afetos, elaboramos conflitos e ansiedades, exploramos habilidades, e, à medida que assumimos múltiplos papéis, fecundamos diversas competências cognitivas e interativas.

As brincadeiras são sempre um meio conducente para a transformação do desenvolvimento da aprendizagem do ser humano. Elas promovem uma qualidade de vida saudável, uma vivência ecológica e nos dá a percepção do equilíbrio do mundo que nos rodeia.

Vamos nos reportar a Ribeirão das Neves da década de 1990.  Quem, da época, não se lembra, lá na Esplanada, dos jogos de vôlei e de futebol? Do estádio Ailton de Oliveira, que recebia vários times? E nós estávamos lá, sempre comparecendo às atividades!  E as quadrilhas ensaiadas pelo nosso mestre Dr. Otto? Quanta saudade! Ganhamos até a competição "Arraial de Belô". E as gincanas que movimentavam os jovens e ajudavam na participação ativa da sociedade? E a equipe Cachambó, da qual participei e vencemos com toda raça e alegria! Havia ludicidade! Os jovens nevenses tinham o que fazer, participavam, brincavam, mexiam-se... Movimentavam-se...

E agora? O que nossos representantes legais têm feito para tirar os jovens da apatia, das drogas, da reclusão, da depressão que abate jovens de diferentes classes sociais? Basta entender que a ludicidade é um instrumento de estimulação prático utilizada em qualquer etapa do desenvolvimento da psicomotricidade. É uma forma global de expressão que envolve todos os domínios da natureza. Ela traz grandes benefícios do ponto de vista físico, intelectuale social. Ela facilita a convivência entre a pessoas.

Os jogos e brincadeiras estão presentes em todas as fases da vida do ser humano, tornando-lhes especial a existência. O lúdico se faz presente e acrescenta um ingrediente indispensável no relacionamento entre as pessoas. É relevante resgatar o lúdico não somente nas aulas de Educação Física, de modo que esse processo trabalhe também com a diversidade cultural da nossa cidade. Com isso aprendemos a verdadeira finalidade da educação física, que é desenvolver e fortificar o corpo sob o ponto de vista estático e dinâmico, contribuir para o aperfeiçoamento total do indivíduo. Concluindo, deixo meu recado: NEVES, MEXA-SE!