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Entre as serras há uma cidade desigual

Segundo dados estatísticos revelados pela ONU ( Organização das Nações Unidas) no dia 19 de Março de 2010, Belo Horizonte é a 11ª capital mais desigual do mundo, o ranking de distribuição de renda da cidade dos alpes, divide o posto com Fortaleza e com a colombiana Bogotá, ainda aparecem neste ranking Goiânia na 10ª posição e Brasília na 12ª como as mais desiguais do mundo, atrás apenas de capitais africanas.

Para o leitor entender o levantamento foi feito a partir do coeficiente Gini, uma medida usada para compreender a situação das cidades no que diz respeito à distribuição de renda ou consumo. Os dados utilizados para chegar ao coeficiente, segundo a ONU, são coletados principalmente de pesquisas e censos. O indicador varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade entre o que as pessoas ganham. Quando o coeficiente da cidade está no nível zero, todos consomem de forma igual. BH no relatório da ONU apresenta um índice de desigualdade equivalente a 0,61 um nível altíssimo, tendo em vista que a ONU considera aceitáveis 0,4.

A desigualdade tem haver com a discrepância entre classes sociais, ou seja, o abismo entre pobres e ricos, ou de forma mais coloquial: poucas pessoas com muito dinheiro e muitas pessoas com poucas condições financeiras.

Em minha opinião BH realmente é uma cidade desigual, haja vista bairros como Vila da Serra, Belvedere e em outro lado da serra do curral o Aglomerado da Serra, Barragem Santa Lúcia, Morro das Pedras, entre outros. Outro fator que podemos sentir são as oportunidades de emprego que são reduzidas, mesmo com qualificação a cidade não oferece boas opções de trabalho e muitas vezes o trabalhador até paga para trabalhar.

O que espanta é o fato da cidade estar "tão bem" colocada neste ranking de péssima reputação, ficando a frente de cidades como: São Paulo e Rio de Janeiro que aparentam ser bem mais desiguais.

Belo Horizonte foi a primeira capital planejada do país, criada dentro dos limites da Avenida Contorno, mas a explosão demográfica ocorrida com a criação de uma cidade próspera e oportunidade de uma vida melhor trouxeram imigrantes do campo e do nordeste para a capital, como não havia espaço dentro destes limites do centro, as famílias tiveram que se deslocar para os "morros" criando assim as primeiras "comunidades". Este é apenas um fator que possa contribuir com a desigualdade.

Não é segredo que Minas Gerais é rico em minério, além de ser uma grande potência no que tange a economia, o que falta é uma distribuição de renda mais igualitária, dando recursos a classe mais baixa de comprar e em contra partida a própria economia local cresce. Esta desigualdade reflete nos números de criminalidade, um local sem oportunidades de emprego suficiente e rendas baixas fornece argumentos para as pessoas encontrarem um modo de vida fácil para conseguir mudar a condição social.

O que me chamou atenção também foi que a imprensa não deu a repercussão suficiente para estes dados, foram pequenas reportagens apenas citando a pesquisa, tanto no rádio e na TV, talvez este fosse um assunto interessante ou não para um ano eleitoral?

A Prefeitura de Belo Horizonte não quis falar sobre o assunto, alegando não conhecer os métodos de análise da ONU, mas para ter consciência de que a cidade é desigual é necessário apenas conhecer cada canto deste território cercado pelas serras e um horizonte ofuscado por casas de alvenarias mal acabados, enquanto outro horizonte por mausoléus faraônicos.

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