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Um dia a cidade dormitório acordará!

Cercado por presídios, afastado dos grandes centros urbanos, distante das maiores oportunidades, está Ribeirão das Neves. A cidade conta com mais de 346.000 habitantes segundo o último censo do IBGE, a grande parte da população tem que se deslocar até outras cidades para trabalhar, e conseguir dar uma vida digna para seus herdeiros e dependentes.

As histórias de superação são inúmeras, conheço muitas pessoas, converso com muita gente no meu dia-a-dia e sempre “pesco” a história de cada um, existem muitos que estudam e trabalham, acordam cedo e dormem tarde, como o que vos escreve, outros trabalham em dois empregos para dar aos filhos o que não tiveram a oportunidade de estudar - acima de tudo nas melhores escolas.

O que me entristece que embora Neves sejam um grande colégio eleitoral a muito está esquecida pelos governantes, talvez pelo seu processo histórico de políticos corruptos, a população se acostumou ao desleixo e pouco reclama. As obras do PAC não irão sanar a dívida social que o Estado tem conosco. É necessário dar recursos aos nossos jovens para não se envolveram no crime, o CEFET que nos prometeram ainda não saiu do papel, ao contrário da nova cadeia, as opções de lazer por aqui são raras, não há eventos nas praças para socialização da população, nem tampouco opções de estudo, o que desanimam muitos outros a estudarem, pagarem uma passagem de ônibus abusiva, e o tempo que perdem se deslocando a outros centros, não motiva. Sugestões interessantes como um ônibus gratuito para universitários dependem de vontade política, e a inércia é adjetivo ideal para definir a política local.

O transporte coletivo é algo que me afeta diretamente, em meu trajeto diário Casa-Trabalho, Faculdade-Casa, sofro como muitos, os atrasos, as péssimas condições dos ônibus, além das míninas opções, nos levam a questionar porque a cidade não abre uma licitação para uma nova empresa atender a demanda de Neves.

Os presídios, além de dar emprego a algumas pessoas, trazem consigo o temor de rebeliões, o barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento, o medo, é nosso companheiro diário. Temos medo da violência, mas não lutamos pra que ela acabe ou diminua, dando opções de educação a gerações futuras.

Outro fator negativo e histórico em nossa cidade é a saúde, algum tempo atrás entrei no hospital depois de muitos anos e prefiro ficar sem voltar lá, uma senhora disse que lá parecia um “cabaré” e tive que concordar. Está muito descuidado, nunca há médicos e o estado do local é deplorável. Para solucionar meu problema de saúde, achei melhor ir a uma farmácia e comprar um remédio.

Finalizando as questões que citei acima, temos que ressaltar que Ribeirão das Neves paga pelas escolhas errôneas da sua própria população na política, mas vislumbro a esperança. Tendo em vista algumas mobilizações sociais que vem ocorrendo, ainda bem pequenas e dispersas, acho que falta uma organização para as coisas acontecerem como diria Chico Science: “Eu me organizando posso desorganizar”. A ajuda das novas mídias como a internet, tem possibilitado estas novas formas de mobilização, e enfim, conseguirmos uma democracia real, e futuramente o nosso povo tenha condições de lutar pelos direitos que a Constituição nos oferece, mas que nunca aconteceu de fato na “Cidade Dormitório”, e assim, possamos mudar o rótulo que ganhamos.

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